“Sim, se pode. Sim, se pode migrar e dar a cara à nova sorte e abraçar um novo país”, diz venezuelana
Das 500 pessoas migrantes cadastradas pelo Programa Caminhos de Solidariedade, promovido por diversas instituições da igreja católica, entre elas a Cáritas Diocesana de Roraima (CDRR), cinco já ganharam um novo destino. Elas embarcaram na primeira hora desta quarta-feira, 13/02, num vôo saindo de Boa Vista rumo à Brasília, depois Recife, chegando em Pesqueira, município localizado no interior de Pernambuco.
Natural de Maturin, Estado de Monagas, na Venezuela, o casal Surirma Bellasmira Piano Millan, 51, e Cruz Antonio Guerra Fuentes, 47, está entre os contemplados. Residindo há dois anos na capital roraimense e já bem à vontade com a cultura brasileira, decidiu investir numa nova oportunidade de recomeço em terras tropicais.
Novo horizonte – “Como todo o povo venezuelano, chegamos ao desespero frente à situação que está acontecendo no nosso país e precisamos migrar, pois ficamos sem vislumbrar um novo horizonte para nós e para a nossa família. Não temos nenhum outro canto para ir. Graças a Deus surgiu esta oportunidade, pois estamos aguardando desde dezembro. Esperando somente pela fé. Estamos muito agradecidos à Cáritas de Roraima por reacender nossa esperança de realizar mais um sonho que nos direciona a alcançar nossas metas”, afirma Surirma Piano.
No saguão do Aeroporto Internacional, filhos e netos aproveitam cada minuto em família. Mas, o sentimento não é de tristeza pela despedida temporária. A harmonia que reverbera do núcleo familiar é a afirmativa de que existe um objetivo comum entre os seus membros e a construção conjunta, exigindo que cada um saiba aguardar o tempo certo para cada novo passo.
Apoio familiar – “Nossos filhos nos apoiam e nos dão força, pois enxergam a nossa situação e tem consciência do que está acontecendo. Sabem que é para benefício de todos da nossa família que estamos dando este passo. Sabem que vamos primeiro, porque nós somos os representantes da família. Estão todos esperando que esta porta se abra para conquistarmos condições melhores e trazê-los para perto de nós em seguida”, complementa.
Emocionada e bastante agradecida ao Brasil pelo acolhimento e principalmente à Cáritas Roraima que está promovendo a interiorização do casal, a matriarca exprime a força da mãe, da companheira e mulher guerreira que luta pela sua sobrevivência e dos seus, confiante de que é possível transformar e vencer as adversidades impostas pela vida.
Força e luta – “Hoje estamos tendo que migrar, mas um dia vamos voltar a ter uma Venezuela como era antes. Vamos estar prontos, com todas nossas forças. Vamos estar preparados. E para nós será um prazer poder dizer depois que passamos por esta situação e lutamos. Esta é a meta, voltar pro nosso país mais adiante”, enfatiza Surirma Piano.
Para os compatriotas que ainda receiam sair de seu país e apostar numa nova realidade, a venezuelana deixa palavras de encorajamento. “Sim, podemos nos movimentar e abraçar um novo país. Desde que conheci o Brasil passei a gostar da sua cultura e estou conseguindo me desenvolver aqui, apesar de ainda não falar muito bem o idioma português. Podemos mostrar a nossa cara e representar nosso país, oferencendo o nosso melhor. Temos de seguir adiante”, finaliza.
O grupo – O grupo que está sob os cuidados da Diocese e da Cáritas de Pesqueira é formado por Cruz Antonio Guerra Fuentes, Surirma Bellasmira Piamo Millan, Yamiluz Carolina Aparicio Jaramillo, Denis José Seijas e Desiree Carolina Rodriguez Salavarria.
Caminhos – O Projeto Caminhos da Solidariedade segue em 2019, agora estendendo o cadastro para migrantes residentes também em municípios do interior do Estado. A próxima interiorização deverá acontecer no domingo (17/02), quando mais 15 pessoas seguirão para São Paulo.
ASCOM/CÁRITA