Qual seria a reação ao chegar ao aeroporto da cidade e se deparar com uma mulher amarrada a um homem no saguão? Para a maioria, um espanto. Foi o que aconteceu no início da tarde desta quinta-feira (9), no aeroporto internacional Atlas Cantanhede, em Boa Vista. Passageiros e usuários se depararam com duas situações que simbolizavamo tráfico de pessoas. Duas mulheres jovens estavam amarradas a dois homens, com boa vestimenta e aparência, e entre eles uma mensagem com código de barras simulando a venda de um produto: “Dançarina profissional, especialista em trabalhos domésticos, 18 anos e indígena”. Essa foi à forma encontrada pelo Núcleo de Proteção e Promoção ao Atendimento às Vítimas de Tráfico de Pessoas, da Procuradoria Especial da Mulher da Assembleia Legislativa de Roraima, para mostrar essa triste realidade presente no Estado. “Muitas mulheres não tem o conhecimento do que é o tráfico de pessoas e o nosso Estado faz fronteira, então é grande o índice de mulheres traficadas para outros países e interessante que fiquem atentas”, comentou a estudante de biomedicina, Angélica Ferreira. Muitas vezes, a falsa promessa de emprego e sucesso atrai as vítimas para armadilhas. “Por não conhecer as pessoas, acabam influenciadas e levadas por palavras que não são verdadeiras. Isso é muito arriscado”, enfatizou. Ela achou a campanha relevante, pois se torna uma maneira mais próxima de levar alertar sobre o crime. Uma equipe composta por servidores do Núcleo distribuiu no saguão do aeroporto, uma cartilha produzida pela Assembleia Legislativasobre o Tráfico de Pessoas, além de um mini-kit de beleza para as mulheres, como homenagem pelo Dia Internacional da Mulher, celebrado no último dia 8. A aposentada Maria Auxiliadora Modesto aguardava o vôo quando comentou sobre a exposição. “Eu soube aqui, agora, que tem muito tráfico de mulheres, mas isso não é só em Roraima não, é em todo o Brasil”, disse. Ela mencionou que esse é um crime que acontece em cidades grandes ou litorâneas. “As mulheres não deviam se rebaixar aos homens por qualquer dinheiro. Precisam ser fortes, corajosas”, findou. Esta não é a primeira vez que o Núcleo, em parceria com a Infraero, realiza no aeroporto internacional uma campanha para conscientizar a população sobre riscos aos que as mulheres estão expostas todos os dias. Em 2016, as modelos representaram a violência física e psicológica, com diversos hematomas espalhados pelo corpo. “Esse momento é um momento para darmos informações de como acontece o tráfico de pessoas saindo do nosso estado, indo para qualquer cidade brasileira ou qualquer país. Existe um trabalho, uma rede por trás dessa mulher que é articulada para que ela possa ser convencida e ser levada”, alertou a coordenadora do Núcleo, Socorro Santos. O aeroporto, destacou, é uma das principais portas de entrada e saída para o tráfico de pessoas.
Yasmin Guedes
Foto: Platão Arantes