O Centro Oncológico de Roraima (Cecor), no bairro Aeroporto, zona Norte, lançou a “Campanha Rosa” para arrecadação de remédios, lenços, toalhas, alimentos não perecíveis e quaisquer outros materiais. Eles serão entregues a um abrigo que recebe pacientes com câncer vindos do interior do Estado para se consultar na clínica e em hospitais públicos. De 17 a 21 de outubro, a entidade fará ações beneficentes com sessões de maquiagem para as mulheres com câncer, acolhimento, palestra e música, quando se dará também a reinauguração do prédio. O público poderá deixar as doações em qualquer dia do ano no Cecor.
Tendo como inspiração as campanhas nacionais do Ministério da Saúde “Outubro Rosa” e “Novembro Azul”, respectivamente de prevenção aos cânceres de mama e próstata, a “Campanha Rosa” nasceu em outubro de 2015, como um evento restrito aos pacientes do Centro. Mas a boa recepção motivou a abertura para o grande público. A clínica geral Juliana Gomes da Rocha é uma das organizadoras da iniciativa e diz que o grande objetivo é ajudar os pacientes mais carentes. “Há a casa da dona Francis, que é uma mulher que já teve câncer e abre as portas para pessoas que vêm do interior se tratar. Mas ela tem poucas condições financeiras, precisando de doações o ano inteiro. Por isso resolvemos fazer uma boa ação para este abrigo”, disse.
De início discreto, compartilhada somente com amigos próximos, em pouco tempo a campanha tomou proporções inesperadas pela médica. “Tem um empresário que vai doar cinco fardos de arroz e cinco de feijão, além de açúcar e óleo. Uma senhora disse: ‘não tenho como dar nada, mas quero ir lá pelo menos para servir um cafezinho’. Também já me ligaram de Manaus perguntando como fazer para enviar dinheiro”, admira-se Juliana da Rocha.
Além das doações, ela convida as pessoas a comparecerem às atividades do Cecor. Além do acolhimento, principalmente para as pacientes do sexo feminino, que têm a autoestima afetada pela queda dos cabelos, as atividades visam derrubar o estigma que a sociedade tem do câncer. A médica afirma que a doença ainda é muito associada à morte, o que para ela não é uma verdade absoluta. “Muita gente se cura do câncer. A gente tem muitas histórias de verdadeiros milagres, curas do câncer de mama, do intestino. Mas isso é pouco divulgado, preferem mostrar a parte ruim, e a gente quer mostrar para a sociedade que tem cura”, afirmou.
NECESSIDADE – Há 13 anos no mercado, o Centro Oncológico de Roraima faz tratamentos particulares, conveniados e pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Mas a maioria dos que se tratam lá é carente, vindos geralmente nos períodos em que não há medicação suficiente no Hospital Geral de Roraima (HGR). Segundo Juliana da Rocha, por semana, 500 pessoas costumam passar pela clínica. “O número é pouco porque nem todo mundo sabe que existe esse tratamento aqui em Roraima, e acaba viajando para outros Estados”, comenta.
A médica disse que vê muitos pacientes sem condições de buscarem os remédios e depois voltarem para suas casas. “Eles vêm para a quimioterapia andando e depois voltam andando também, correndo o risco de desmaiarem porque não podem pegar sol”, relatou.
SUPERAÇÃO – Sentada em uma das cadeiras do Cecor, a aposentada Joyciane da Silva Santos descobriu um câncer em sua mama direita em 2012. Enfrentou seis meses de quimioterapia, retirada da mama (mastectomia) e foi para Barretos (SP) fazer outras 25 sessões de radioterapia, na maior parte do tempo completamente sozinha.
Em 2013, recebeu novo diagnóstico de câncer, tendo que seguir em tratamento até hoje. Emocionada ao contar sua história, ela aconselha: “Não é fácil. Mas eu consegui superar várias etapas, venci e estou aqui. A importância para todos que descobrem a doença é jamais ter medo, pois ele te distancia da fé, e você tem que ter fé. Você se ama, e tem pessoas que amam você”.
FONTE: FOLHA WEB
