A parceria entre a Associação Roraimense de Fotografia e o CAP–DV (Centro de Apoio Pedagógico às Pessoas com Deficiência Visual), que ministrou oficina de fotografia para deficientes visuais, resultou na exposição “Uma Pequena Aventura dos Sentidos”, aberta ao público no Palácio da Cultura Nenê Macaggi, no Centro. Também em exposição, as obras do fotógrafo Jorge Macedo, “Jardins de Makunaima I”. A ação faz parte da programação alusiva ao Dia Nacional da Cultura e a visitação segue até o final de novembro, em horário comercial.
“Ensinamos o básico da fotografia orientando eles pela audição e pelo tato. Eu, o Marcelo Camacho, o Jorge Amaro e o pessoal do CAP levamos os estudantes com deficiência visual para a Praça das Águas. Foi assim, que surgiu essa exposição”, disse o fotógrafo Jorge Macêdo, um dos instrutores da oficina, ao acrescentar que foi gratificante perceber que eles não têm a visão, mas têm formas de enxergar usando os outros sentidos.
O diretor de Promoção Cultural da Secult(Secretaria Estadual da Cultura), Antônio Bentes destacou que a tônica do Governo do Estado é fazer inclusão. “Estamos incentivando atividades de inclusão, contemplando todas as pessoas, independente de algum tipo de deficiência”, disse.
A gestora do CAP-DV, Sulivânia Lira Souza, relatou que foi uma proposta diferente a oficina de fotografia para deficientes visuais. “O objetivo foi demonstrar que mesmo sem a visão, eles conseguem captar imagens de acordo com a visão que estão projetando em suas mentes”, observou a gestora.
Alex Paulo da Silva Monteiro, de 42 anos, conta que foi diferente, foi uma experiência nova. “Eu já tinha batido fotos na adolescência quando ainda tinha visão, mas bater foto sem a visão é muito diferente. Foi uma experiência ímpar para mim. Não vou esquecer tão cedo, vou levar para vida toda”, garantiu.
Maria José, que é deficiente visual e participou da oficina, fala do trabalho como professora no CAP. “Trabalho há muitos anos com Educação Especial. Já alfabetizei crianças que hoje estão no Ensino Fundamental, outras terminando o Ensino Médio, muitas já passaram por mim”, disse, ao explicar que o atendimento é individual e dura uma hora com cada aluno. “É uma forma de trabalhar as habilidades dos alunos”, pontuou.
CAP-DV/RR- Funciona na antiga Escola O Pescador, na Avenida Santos Dumont, 349, no bairro São Pedro e atende a 38 pessoas. Destas, 20 estão na faixa etária acima de 7 anos e, as demais são crianças de zero a 8 anos. “Com os menores o trabalho é de estimulação visual porque eles não são cegos, têm apenas baixa visão. “Esse trabalho vai ajudar para quando chegarem à idade adulta tenham a memória visual de cores, texturas e espessuras”, explicou Suliânia.
Mostra de vídeos estimula produção local
A exibição de vários documentários de produtores locais aconteceu na Videoteca Francisco Aragão, no Palácio da Cultura Nenê Macaggi, e contou com a presença estudantes da Escola Estadual Lobo D’Almada, e dos amantes da sétima arte.
O diretor de Promoção Cultural Antônio Bentes avaliou que a mostra de vídeos representa a retomada da ABD [Associação Brasileira de Documentarista de Roraima]. “Aqui, temos diversos cineastas como Éder Rodrigues, Valmique Grandez, Thiago Briglia, Aldenor Pimentel, Márcio Sergino, e outros nomes que vêm movimentando a produção de documentários como qualidade, carinho e dedicação”, disse.
Conforme ele, é um mercado que pode se abrir futuramente para estudantes que estão concluindo o Ensino Médio e tentando cursar uma faculdade. “O Sesc [Serviço Social do Comércio] tem ideia de montar uma Escola de Cinema, a Ufrr [Universidade Federal de Roraima] está tentando criar um curso de Cinema, e a Secretaria de Cultura está se inserindo nesse processo”, considerou.
Encantada com o que viu da produção local, Vera Leite, da Escola Lobo D’Almada explicou que oportunizar uma aula diferenciada é propor outros meios de aprendizagem, aumentar a forma de conhecimento de forma mais dinâmica para que eles entendam que o aprender vai além da sala de aula. “A Cultura faz parte dessa aprendizagem e mostrar como valorizar o que nós temos e que a gente aprende também além dos bancos da escola”, garantiu.
A estudante Socorro Dantas, destacou que além de diferente, a aula foi muito produtiva. “Aprendi sobre culturas que eu não conhecia. Foi maravilhoso. Aprendi muito sobre a cultura indígena que eu não conhecia. Saímos da rotina e tivemos uma aula diferente. Foi uma emoção forte para mim”, disse, e agradeceu ao professor Shigeaki da Paixão que teve a ideia de levar os estudantes para assistirem aos documentários.
CONFIRA PROGRAMAÇÃO
Dia 8 (terça-feira) – Palácio da Cultura – Videoteca Francisco Aragão
16 h – Exibição do filme ‘O Pequeno Príncipe’ baseado na obra de Saint Saint-Exupéry, em audiodescrição voltado para alunos deficientes visuais.
Dia 9 (quarta-feira)-Palácio da Cultura – Videoteca Francisco Aragão
16 h – Mostra de vídeo dos alunos do CAP- DV/RR
Dia 13 (domingo)-Parque Anauá – Praça de Alimentação
EXPOARRTE:
18 h – Sarau Poético Coletivo Arte Literatura Caimbé, com o poeta, escritor e jornalista Edgar Borges
19 h – Zumba
Recreação Infantil durante o evento
Pintura em rosto das crianças
FONTE: GOVERNO DO ESTADO DE RORAIMA