Além de promover a reforma agrária e o ordenamento da estrutura fundiária, em Roraima o Incra criou municípios e vilas



O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) completa 50 anos nesta quinta-feira, 9 de julho. Em Roraima, a formação do Estado, com a criação de municípios e de núcleos urbanos, está diretamente relacionada à execução do Programa Nacional de Reforma Agrária (PNRA) e aos processos de colonização realizados principalmente nas décadas de 70 e 80.
Rorainópolis, o segundo maior município de Roraima, surgiu do Projeto de Assentamento Dirigido Anauá, implantado às margens da BR-174, em meados da década de 70, numa área de 221.832 hectares, com capacidade para assentar até 3.460 famílias.
A sede do projeto, onde o Incra construiu a estrutura mínima para prestar assistência aos migrantes que vieram ocupar a Amazônia, passou a ser chamada de Vila do Incra e assim permaneceu até a criação do município, em 1995. A principal avenida de Rorainópolis é a vicinal 1 do PAD Anauá.
Em Rorainópolis, o Incra ainda mantém a Unidade Avançada Anauá, para gerenciar o projeto. Rui Barbosa Silva é servidor da autarquia há 37 anos e vivenciou de perto a transformação do assentamento em uma importante cidade. “Desbravamos essa região com muita dificuldade, com muita dedicação para atender aos colonos. Para se ter uma ideia, na década de 80, levávamos mais de 12 horas no trajeto de carro entre a Vila do Incra e Boa Vista [a capital de Roraima]”, recorda.
Caroebe, no Sul de Roraima, também surgiu de um núcleo urbano formado a partir de um projeto de assentamento (PA) do Incra. “Foi o PA Jatapu que deu origem ao município de Caroebe, hoje o maior produtor de banana do nosso Estado”, explicou o superintendente do Incra, Antônio Adesson Gomes dos Santos, cuja carreira profissional se deu integralmente no Incra, órgão que conheceu durante estágio do curso de Técnico em Agropecuária.
Maranhão, como é conhecido, ingressou no Incra em 1982, em Manaus (AM), e foi destacado para trabalhar no escritório da autarquia do Território Federal de Roraima, até então subordinado ao Amazonas. “Nós iniciamos naquela época a regularização fundiária das pequenas médias e grandes propriedades e me sinto muito honrado em fazer parte dessa instituição há 37 anos”, destacou.
Além de Rorainópolis e Caroebe, as vilas Confiança, Jatapu, Martins Pereira, Nova Colina, Paredão, RR-170, Samaúma, Vila Nova e Vila Moderna se formaram a partir dos 67 projetos de assentamento criados pelo Incra em 12 dos 15 municípios roraimenses.
“O Incra tem um papel fundamental na formação de Roraima, contribuindo para o desenvolvimento econômico e social do nosso Estado, apoiando a agricultura familiar não só com a terra, mas com crédito, com estrada, com assistência para que os assentados possam produzir alimentos para subsistência e também para a obtenção de lucro, com a comercialização”, destacou Maranhão, ao enfatizar que a principal meta nestes 50 anos, é a titulação das terras.
O superintendente destacou ainda a importância dos servidores na execução dessas políticas públicas. Atualmente, o Incra dispõe de 74 servidores da ativa em Roraima. “Quero parabenizar cada um dos colegas pelo cinquentenário do Incra”.
Colonização
O processo de colonização realizado pelo Incra na perspectiva de ocupação da Amazônia ajudou a consolidar outros três municípios roraimenses. Alto Alegre, Mucajaí e Cantá tiveram terras demarcadas e entregues para famílias de migrantes de diversos estados brasileiros e até do Japão, para produzir alimentos e garantir a subsistência.
“Aos 10 anos, subia nos jipes do Incra quando os servidores paravam no restaurante da minha mãe para almoçar, onde hoje é a sede do município de Alto Alegre. Por diversas vezes eu e meu pai auxiliamos os técnicos a abrirem as picadas na mata para demarcarem os lotes do PA Paredão e eu dizia que um dia também trabalharia no Incra”, conta Pedro Paulino Soares, roraimense de Alto Alegre, que aos 20 anos realizou o sonho de menino e ingressou no Incra. “Sou servidor há 30 anos e tenho muito orgulho do trabalho realizado nestes 50 anos”.
Comemoração
Em razão da pandemia, não haverá eventos presenciais pelos 50 anos do Incra. Mas a autarquia lançou três editais (disponíveis no site www.incra.gov.br) para selecionar histórias de servidores da ativa e aposentados, gestores e colaboradores (terceirizados, estagiários) do Incra, contadas através de vídeo, de texto ou de fotografias.
As histórias selecionadas serão publicadas no site comemorativo de 50 Anos do Incra. As inscrições podem ser feitas até o dia 31 de agosto e o material pode ser enviado pelo e-mail comunicacao@incra.gov.br ou pelo Whatsapp, através do número 61 3411-7873.
Incra em números:
67 projetos de assentamento
22.215 famílias beneficiadas
11.942 títulos definitivos expedidos
Municípios criados em assentamentos: Rorainópolis e Caroebe
Vilas criadas em assentamentos: Apiaú, Confiança, Jatapu, Martins Pereira, Nova Colina, Paredão, RR-170, Samaúma, Vila Nova e Vila Moderna
Municípios consolidados pelo programa de colonização: Alto Alegre, Mucajaí e Cantá
74 servidores