São 14 compromissos que ajudam no enfrentamento das ameaças e fraquezas do estado
“Tudo está interligado, como se fossemos um”. Com um olhar para a Amazônia de forma integral, o bispo de Roraima, Dom Mário Antônio, lançou oficialmente a Carta da Repam-RR(Rede Eclesial Pan-Amazônia) contendo 14 compromissos que apontam para novas atitudes. O subsídio pretende facilitar o trabalho no estado, valorizando as realidades transfronteiriças, no formato rede (comunhão). O anúncio ocorreu hoje terça-feira, 08, durante uma coletiva de imprensa, no Salão Nobre da Prelazia.
Após uma breve reflexão bíblica sobre o Bom pastor que cuida do seu rebanho, Dom Mário iniciou falando sobre as vivências e as impressões observadas ao longo desses quase doze meses de bispado em Roraima. Segundo ele, foram muitas alegrias, esperanças e também muitos desafios, denominado por ele, de muitos gritos.
Em seu pronunciamento, foram enumerados alguns dos desafios enfrentados pelo povo. Conforme ele, cada pessoa precisa assumir o compromisso social na defesa da criação. “Precisamos defender a vida em todos os sentidos e louvar a Deus”, disse.
Número e a distância geográfica prejudicam a presença efetiva dos missionários, formação permanente das lideranças de comunidades, acompanhamento dos jovens e famílias, trabalho da Pastoral Vocacional, organização das comunidades diante das questões sociais, direitos fundamentais, construírem uma cidade para todos, apoio à agricultura familiar, presença nas pequenas comunidades, principalmente nas mais distantes e sofridas, migração, drogas, crime organizado, tráfico humano foram alguns dos pontos que impedem de avançar observados pelo bispo ao visitar as 600 comunidades católicas do estado.
“Muitas dores, muitos gritos, mas não devem roubar de nós a esperança da nossa Casa Comum. Muitas questões precisam ser enfrentadas com criatividade e comunhão e, sobretudo, em rede. Contudo, a riqueza cultural do povo de Roraima e os saberes dos povos e das comunidades são as maiores alegrias observadas. A sabedoria é o dom de Deus”, ressaltou Dom Mário.
Dos 14 compromissos assumidos pela igreja, no Seminário da Laudato Sí que reuniu mais de 120 pessoas entre católicos, sindicatos e movimentos sociais, o bispo destacou nove deles: Apoiar e fortalecer o protagonismo dos povos indígenas, sua articulação e luta; fortalecer a articulação com os movimentos sociais e desenvolver postura critica diante do agronegócio, desmatamento, mineração e hidreléticas.
Ainda como ele, precisamos ser firmes na defesa do ecossistema (lavrado), sua especificidade e extraordinária biodiversidade.; promover a segurança alimentar, o uso responsável da água e da energia e cuidado no descarte do lixo; inserir o debate e enfrentamento dos problemas socioambientais, fortalecendo a formação de base, numa perspectiva de fé e política.
Também intensificar as ações locais no exercício da cidadania; acompanhar e exigir, do poder público, políticas de saneamento básico em todos os municípios, contemplando as áreas urbanas e rurais. E, sobretudo, intensificar a rede e as ações de acolhimento e defesa dos direitos dos migrantes, bem como adotar uma ação mais intensa no combate ao uso indiscriminado de agrotóxicos, ao tráfico humano e ao garimpo ilegal.
Dom Mário encerrou a coletiva falando que a carta compromisso será entregue em todas as comunidades, sindicatos e poder público para ser amplamente divulgada. “Vamos multiplicar a vivência dos mais de 120 representantes de entidades que esteve no Seminário Laudato Si’, a fim de apontar as ameaças, socializando as resistências e assumindo os compromissos”, finalizou.
Foto: Ascom
ASCOM REPAM