
Um tesouro esquecido no fundo da represa de Jatapu, em Caroebe, pode virar uma alternativa de geração de emprego e renda em Roraima. Estima-se que mais de 70 km² da Floresta Amazônica ficaram submersas, quando a hidrelétrica foi construída há mais de 20 anos.
A iniciativa é do deputado estadual Coronel Gerson Chagas (PRTB), que defendeu na manhã desta terça-feira, 24, a exploração comercial de madeiras submersas em águas represadas no Estado. Ele é autor de um projeto de lei que regulamenta a questão, protocolado na Casa Legislativa no último dia 19.
“Tive a oportunidade de conhecer recentemente o lago de Jatapu. São milhares de árvores submersas, em que vemos apenas as copas. Essas árvores ainda são úteis. Estudos indicam que elas permanecem aproveitáveis por mais de 100 anos. São milhares de madeiras que podem ser comercializadas, madeiras nobres, de diversas espécies”, ressaltou.
Para Chagas, o projeto tem viés ambientalista e progressista. Do ponto de vista ambiental, é positivo em razão dos problemas causados pela decomposição da madeira. “Ao invés de retirar a madeira virgem da floresta, vamos retirar a madeira que já está comprometida. Além disso, depois de um tempo, essa madeira produz gases, como o metano, que afetam o meio ambiente”, observou, acrescentando que esses resíduos também danificam as turbinas da usina, causando gastos milionários aos cofres públicos.
Sob a perspectiva econômica, vai gerar emprego e renda. “No momento em que a região sul do Estado tem muitas madeireiras e que está sob forte ataque, com investigações e operações, que colocam em risco milhares de empregos, temos condições de dar uma nova frente de trabalho, gerando riquezas à região”, ressaltou.
Chagas destacou que no Lago de Tucuruí, no Pará, já existe o aproveitamento de toras submersas. Antes condenada, essa madeira submersa é amplamente comercializada. A extração é feita por meio de técnicas primárias, colocando no mercado madeiras nobres, como o cedro. As toras simples também são aproveitadas, pois servem para a fabricação do carvão, com selo ambiental.
Pelo projeto de lei, o Governo de Roraima, por meio da Femarh (Fundação Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos), fica autorizado a fazer o cadastro das empresas interessadas na exploração comercial. Também cabe ao Poder Executivo editar instrumento normativo, disciplinando a atividade econômica. As receitas decorrentes da aplicação da lei serão incorporadas ao orçamento anual da Femarh.
Fotos: Alfredo Maia