Em Boa Vista, o Hospital da criança Santo Antônio (HCSA) conseguiu alcançar um período de 14 meses sem nenhuma ocorrência de infecção hospitalar da corrente sanguínea na UTI neonatal e pediátrica, uma das complicações que mais desafiam os hospitais no mundo todo.
O ultimo caso de infecção de corrente sanguínea foi registrado em março de 2017. O hospital recebeu, no início deste ano, a certificação ouro da Associação Hospital Samaritano de São Paulo por passar nove meses sem infecção primária de corrente sanguínea. Hoje o período já é maior.
O médico infectologista Domingos Sávio Matos Dantas explica como o aprimoramento dos procedimentos tem contribuído para o resultado. “Após um curso, e a utilização do PIC, um cateter periférico, reduziu bastante a necessidade do acesso venoso central, por conseguinte reduziu também o número de infecções. Hoje, sem dúvida, o índice de porcentagem de infecção dentro da UTI é uma das menores do País. Fico feliz por fazer parte da equipe, é um reconhecimento muito importante para a gente como profissional”, diz.
O HCSA tem desenvolvido também um trabalho de conscientização das equipes com foco na diminuição da infecção geral no ambiente hospitalar, considerada uma das complicações mais graves por causar mais morbidade, aumentar o tempo de internação e até evoluir para óbito. O Ministério da Saúde preconiza que esse índice deve ser menor que 5%. No HCSA o índice atual de infeção geral é de 3.21%.
O HCSA possui, há anos, a Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH), que monitora diariamente e registra os casos na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI). Antônio Rodrigues é membro da comissão e explica que o trabalho é constante. “Apesar do índice baixo, não podemos abaixar a guarda, estamos sempre monitorando e orientando os profissionais e pacientes como evitar as infecções”.
Campanha sem adorno – A comissão tem intensificado ainda mais a campanha sem adornos, orientando e conscientizando os profissionais a não utilizarem brincos, pulseiras, relógios e outros assessórios que podem contribuir para a infecção hospitalar. “Gestos simples como higienizar as mãos e utilizar os equipamentos de proteção individual são essenciais para evitar o problema”, explica a enfermeira Gabriela Costa.
Cerca de 200 bolsinhas de tecido foram confeccionadas pelo setor de rouparia do hospital e estão sendo entregues aos profissionais para guardarem seus adornos. “Esta é uma iniciativa de todos os servidores envolvidos e focados nesse processo de reduzir cada vez mais o número de casos de infecção em nosso hospital, isso traz mais segurança aos nossos pequenos pacientes”, destaca a diretora geral, Mareny Damasceno.
Jornalistas: Jamile Carvalho e Jéssica Ferry