O presidente da Venezuela não gostou da linha de raciocínio do entrevistador de uma cadeia de televisão norte-americana, a Univision, e apoderou-se do material entretanto gravado.
A rede de televisão Univision – uma emissora norte-americana que transmite a sua programação em língua espanhola e tem cerca de um milhão de espectadores – revelou que seis de seus funcionários, incluindo o pivot sénior Jorge Ramos, foram detidos por instantes no palácio presidencial em Caracas, capital da Venezuela, esta segunda-feira.
Ramos e os membros da sua equipa foram libertados cerca de três horas depois do início do incidente. Daniel Coronell, diretor de informação da Univision, tuitou que “Jorge Ramos e a sua equipa foram libertados e estão a caminho do hotel”. Em Caracas, o Sindicato Nacional da Imprensa da Venezuela também confirmou que “a equipe da Univision foi libertada”.
A rede de TV deu a conhecer que Ramos estava em Caracas para entrevistar o presidente venezuelano Nicolás Maduro e um porta-voz da Univision, José Zamora, esclareceu que Maduro se opôs às perguntas de Ramos. “Maduro não gostou da linha de questões e suspendeu a entrevista”, disse Zamora, ao mesmo tempo que os seus assessores confiscavam o equipamento de reportagem.
A rede de televisão foi alertada porque “Jorge Ramos conseguiu ligar-nos”, mas, no meio da ligação, o telefone foi-lhe também retirado. A televisão contatou imediatamente o Departamento de Estado dos Estados Unidos e Kimberly Breier, secretária de Estado Adjunta para Assuntos do Hemisfério Ocidental, twittou que “nós insistimos na sua libertação imediata; o mundo está a observar”.
A emissora noticiou de imediato a ocorrência: “uma equipe da Univision, liderada por Jorge Ramos, está a ser arbitrariamente detida no Palácio Miraflores, em Caracas”. De imediato, grupos como a Human Rights Watch pediram a libertação dos jornalistas.
Depois de a equipe ter sido liberada, a Univision organizou um programa de informação especial – com Ramos a juntar-se-lhe por telefone. O repórter explicou que Maduro “levantou-se da entrevista depois de eu lhe mostrar vídeos de alguns jovens a comerem junto a um caminhão de lixo”. “Interrogaram-nos e levaram-nos para uma sala de segurança às escuras”, disse. Os assistentes de Maduro apoderaram-se das gravações da entrevista.
Pedro Ultreras, membro da equipa, twittou na noite de segunda-feira passada que as autoridades disseram aos jornalistas que seriam expulsos da Venezuela na manhã de terça-feira. As autoridades governamentais venezuelanas não responderam aos pedidos de comentários da CNN. mas o ministro venezuelano das Comunicações, Jorge Rodriguez, disse no Twitter que o palácio presidencial trata os jornalistas com decência.
Fonte:jornal O Painel