Roberto Gonçalves, ex-executivo da estatal, assumiu esquema junto com o cargo

A 39º fase da operação Lava Jato, deflagrada nesta terça-feira (28), teve como principal alvo Roberto Gonçalves, ex-gerente executivo da Petrobras. Ele é acusado de receber propina e lavar dinheiro através de contas no exterior.
Foram cumpridos seis mandados no Rio de Janeiro, sendo um de prisão preventiva e outros cinco de busca e apreensão. Apesar da operação começar na capital fluminense, o ex-gerente foi preso em Boa Vista, em Roraima, onde tem familiares.
Gonçalves foi o sucessor de Pedro Barusco, já preso pela Lava Jato, na Petrobras. Segundo os investigadores, o executivo assumiu, junto com o cargo, o esquema de corrupção.
“Hoje nós vemos uma verdadeira herança na propina. Quando Pedro Babrusco passou o cargo, ele também passou o bastão da propina. Ele conversou com executivos da Odebrecth e da UTC e falou que quem receberia a propina a partir daquele momento era o Roberto Gonçalves”, disse o procurador da República Roberson Pozzobon.
Em coletiva de imprensa realizada na manhã desta terça-feira (28) na sede da Polícia Federal em Curitiba (PR), os investigadores disseram que o nome de Golçalves já era questionado internamente na Petrobras e também foi citado em delações premiadas da Lava Jato.
A operação contou com colaboração internacional, já que o ex-executivo operava cinco contas bancárias na Suíça, por onde passaram mais de quatro milhões de dólares. O montante, no entanto, foi distribuído conforme as investigações da Lava Jato avançaram.
“As autoridades suíças identificaram que o dinheiro começou a ser transferido para contas na China e nas Bahamas”, contou o procurador da república Júlio Noronha. Segundo ele, essas contas eram em nome de empresas offshores, o que dificultaria que o dinheiro fosse recuperado pela Justiça.
Roberto Gonçalves ficou à frente da Diretoria de Engenharia e Serviços da Petrobras de março de 2011 até maio de 2012. Em novembro de 2015, ele já havia sido preso preventivamente pela Lava Jato, mas acabou liberado. Na ocasião, ele negou ter contas no exterior.
Corretora
A força-tarefa apurou ainda o uso de corretoras de valores para o recebimento de proprina. Entre elas está a Advalor Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários LTDA, que, segundo os investigadores, também auxiliava na lavagem de dinheiro. Entre 2010 e 2014, foram mais de R$ 6 milhões pagos com a ajuda da corretora.
Mais denúncias
Ainda em entrevista coletiva, a força-tarefa da Lava Jato informou que ainda há muitos esquemas de corrupção na Petrobras em investigação. “O esquema afetou diversas gerências através do tempo. Há muito ainda para ser investigado e diversas condutas com investigações sigilosas”, avisa Roberson Pozzobon.
— O melhor caminho [para quem cometeu crimes de corrupção na companhia] é ver que não vale a pena ocultar o patrimônio. O melhor é que procurem a Justiça, façam o acordo de delação premiada, restituam os valores desviados para que fiquem em dia com a Justiça.
A 39ª fase da Lava Jato foi batizada de Paralelo, uma alusão a atuação clandestina à margem dos órgãos de controles oficiais do mercado financeiro por parte dos investigados.
Fonte:R7