O aparato tecnológico é de grande importância para a elucidação de crimes, com a identificação dos suspeitos
Roraima é um dos poucos estados do Brasil que utilizam a multibiometria para reconhecimento facial. A tecnologia é de extrema importância para a investigação policial, vez que permite identificar em minutos o suspeito ou vítima de um crime. Para o diretor do IIOC (Instituto de Identificação Odílio Cruz), Amadeu Triani, o resultado da implantação desta tecnologia dá mais celeridade no atendimento das demandas das unidades policiais.
“A solução experimentada tem um suporte no banco de dados provido pela Polícia Civil, por meio do Instituto de Identificação. Trata-se de um aparato tecnológico de grande valia para a elucidação de crimes, com a identificação dos suspeitos”, destacou o diretor.
Conforme Amadeu Triani, atualmente conhecido como Abis (Sistema Automático de Identificação Multibiométrica), o sistema tem apresentado excelentes resultados quando somado à participação efetiva dos peritos papiloscopistas. “É uma ferramenta que proporciona celeridade e eficiência em situações como a identificação de cadáveres desconhecidos no IML, cenas de crimes violentos e também no dia a dia das delegacias”, ressaltou.
Fragmentos de digitais
No Instituto de Identificação, os papiloscopistas vêm utilizando outra metodologia de trabalho, por meio de um aplicativo de celular criado pelos próprios peritos em Roraima. “Este trabalho inicia quando os peritos realizam a coleta do material a ser investigado, que passa por um processo químico na cena do crime ou junto ao suspeito ou vítima, e a submete ao sistema. O programa é confiável e nos aponta a solução da pesquisa, indicando o suspeito”, detalhou.
Amadeu Triani apontou ainda que, além de suas capacidades multimodais, o sistema processa tudo em segundos e apresenta uma média de 10 possíveis resultados. É neste momento, disse o diretor, em que a expertise do perito entra “em campo”.
“Os peritos papiloscopistas fazem o levantamento na cena do crime e, com o apoio de outro perito que fica na base utilizando uma fotografia de celular, o sistema faz o processamento e com a expertise do perito é possível identificar o suspeito. Esse trabalho tem levado uma média de 40 minutos para ser concluído, dando uma agilidade sem igual ao trabalho da perícia e investigação em tempo recorde no Estado”, ressaltou o diretor.
O SISTEMA AUTOMATIZADO – Conhecido como Afis (Sistema Automatizado de Identificação de Impressões Digitais), foi implantado em alguns institutos do País em 2003, patrocinado pelo Governo Federal, via Senasp (Secretaria Nacional de Segurança Pública). Porém, em 2016 o sistema e os equipamentos ficaram obsoletos. Em Roraima, a atualização do Sistema foi realizada com os recursos próprios do Instituto de Identificação, por meio da arrecadação da taxa da 2ª via do documento de identidade.
“Com isso o sistema, que antes só trabalhava com a digital, recebeu a atualização para o reconhecimento facial, mudando a nomenclatura para Abis (Automatic Biometric Identification System) que em português significa Sistema Automático de Identificação Multibiométrica”, ressaltou.
CASOS SOLUCIONADOS EM RORAIMA – O primeiro caso solucionado com a atualização do sistema Abis ocorreu em 19 de maio de 2018, quando após ser flagranteado tentando roubar motocicletas no Centro de Boa Vista, o suspeito A. M. O., se apresentou à polícia como como A. S. C.
“Na delegacia, o nome que ele apresentou não constava no banco de dados nacional, deste modo, submetemos a digital dele no sistema e encontramos sua verdadeira identidade. Assim, foram descobertas suas passagens na polícia por roubo com emprego de arma e concurso de pessoa”, disse o diretor.
Outro caso destacado por Triani foi o do agente penitenciário Alvino Mesquita, de 28 anos. Na época, segundo Triani, o caso teve grande repercussão no Estado. O agente foi morto por bandidos em abril de 2017, no bairro Senador Hélio Campos, quando comemorava o aniversário da filha de seis anos e teve a casa invadida. Os criminosos mandaram todos que estavam na casa saírem do local e atiraram na cabeça do agente.
“Durante as investigações, fizemos a perícia no veículo que foi abandonado na fuga e conseguimos identificar um dos possíveis autores. Esses são só alguns dos exemplos. A perícia tem trabalhado diariamente e arduamente na identificação de pessoas, o que tem sido de grande importância para que a Polícia Civil produza provas eficientes para subsidiar as investigações, auxiliando a Justiça na aplicação da lei”, enfatizou.