Local terá capacidade para abrigar até 250 pessoas. Instalações devem ter início na próxima semana.
Devido a constante imigração venezuelana para Roraima, a Defesa Civil anunciou a criação de um alojamento de passagem na cidade de Pacaraima, Norte do estado. O objetivo é abrigar famílias em situação de vulnerabilidade social que deixaram tudo para trás em busca de alimento e trabalho, mas que, sem ter para onde ir, acabam se acumulando em ruas e praças da cidade.
De acordo com Doriedson Ribeiro, coordenador da Defesa Civil, a previsão é que as instalações tenham início a partir da próxima semana. O local terá capacidade para abrigar até 250 venezuelanos.
Há pouco mais de um mês o Ministério Público Federal em Roraima recomendou a criação de um centro de acolhimento aos imigrantes na fronteira.
A montagem da estrutura foi discutida durante reunião na terça-feira (22) entre a governadora, Suely Campos (PP), prefeitura de Pacaraima, Agência da ONU para Refugiados (Acnur) e representates da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias.
A casa de passagem funcionará em um antigo galpão do Corpo de Bombeiros que será revitalizado. Segundo o governo, no local serão construídos banheiros, área para banho, cozinha e um redário (espaço onde se penduram redes), tendo em vista que quase todos os imigrantes são indígenas.
Os venezuelanos poderão permaner no local durante seis meses e após esse período a Defesa Civil fará uma avaliação, caso a caso, para identificar a necessiade de prorrogação desse prazo.
Ribeiro também informou que o investimento ainda está sendo contabilazado, mas até o momento governo federal não se posicionou quanto a instalação do abrigo. Já a prefeitura de Pacaraima se comprometeu a auxilar com mão de obrar para fazer a recuperação do local e o estado na captação de alimentos e gerenciamento do abrigo.
No alojamento serão disponibilizados atentimentos médicos, odontológicos, alimentação, atividades recreativas para crianças e outros serviços aos imigrantes.
“A ideia é diminuir o fluxo de entrada de venezuelanos em Boa Vista, sendo que eles podem ser atendidos em Pacaraima. Além disso, desafogar a rede pública de saúde, já que na casa de passagem também serão ofertados atendimentos médicos”, comentou.
Venezuelanos em Roraima
O G1 esteve na fronteira com a Venezuela e conversou com imigrantes que esperam mais de 5h na fila da Polícia Federal em Pacaraima em busca de autorização para entrar no país. Muitos deles são jovens. Um deles chegou a mostrar uma cicatriz que afirma ter sido causada por um disparo de arma de fogo da Guarda Nacional Bolivariana, após protestos contra o presidente Nicolás Maduro.
Conforme dados divulgados pela Polícia Federal em Roraima, a maioria dos venezuelanos que migram para Roraima são de Caracas, capital do país. Mais de 58% são homens e jovens entre 22 e 25 anos. A maior parte deles são estudantes (17,93%), seguidos por engenheiros (6,21%), médicos (4,83%) e economistas (7,83%).
Nas ruas de Boa Vista muitos deles estão em busca de trabalho. Nos últimos sete meses o Ministério do Trabalho no estado (MTE-RR) registrou um recorde de emissão de carteiras de trabalho a venezuelanos. Nesse período foram quase 3 mil carteiras entregues a cidadãos venezuelanos. Em 2015, emitiram-se apenas 257 documentos, e 1.331 em 2016.
O G1 também conversou com comerciantes de Pacaraima que alegam prejuízo com a desvalorização do bolívar, moeda venezuelana. Segundo eles, o câmbio da moeda chega a mudar três vezes ao dia. Um dos comerciantes afirma ter perdido R$ 1.500,00 em um único dia.
Por Jackson Félix, G1 RR