Segundo uma denunciante, familiares têm que arcar com remédios e material, como seringa e acessos, para os pacientes internados
Irregularidades no Hospital Geral de Roraima (HGR), unidade de saúde localizada na avenida Brigadeiro Eduardo Gomes, bairro Aeroporto, foram denunciadas em uma rede social neste final de semana por familiares de pacientes internados.
Conforme a denúncia, a unidade apresenta falta de medicamentos, material, equipamentos, falta de higiene e limpeza, além de apresentar um número reduzido de servidores para atender a população. Em uma das imagens compartilhadas na rede social, é possível observar cestos de lixos nos corredores do hospital, próximos a salas com pacientes, trazendo riscos à saúde dos internados.
De acordo com um familiar de um paciente internado no Bloco A, no setor de ortopedia, desde o primeiro dia de internação a família teve que arcar com as despesas do acidentado. “Este hospital é o único lugar que durante anos atendeu a população de Roraima. Por lá há lixo por todo lado, uma sujeira que atrai moscas, baratas, formigas e outros insetos que circulam entre os leitos dos enfermos. Não existem vários medicamentos necessários para os doentes. Há duas semanas meu pai se internou e desde o primeiro dia de internação tivemos que arcar com as despesas dos medicamentos e acessos para que ele pudesse ser medicado”, revelou a denunciante.
De acordo com a familiar, também houve falta de atendimento por parte dos médicos da unidade de saúde. “Se você não procurar os médios, eles não vêm ver os pacientes”, reclamou. “O meu pai se acidentou de moto e se não fosse a nossa insistência, ele estaria até hoje lá, largado”, revelou.
No entanto, a denunciante valorizou o trabalho exercido pelo setor de enfermagem do HGR, que procura auxiliar os pacientes conforme as suas possibilidades. “A equipe de enfermagem é a única que se salva. As enfermeiras são atenciosas e se preocupam com os pacientes, porém ficam impossibilitadas de fazer um atendimento de qualidade pela falta de medicamentos. Até seringa e agulha temos que comprar”, criticou.
Outra denúncia também foi realizada na Folha em relação ao Bloco C do HGR, no setor de psiquiatria, destinado para atender pacientes em estado de surto. Uma fonte, que preferiu não ser identificada por medo de represálias, informou que no local também há escassez de funcionários para atender os necessitados, com servidores trabalhando em escalas reduzidas e falta de medicamentos, o que no caso dos pacientes em tratamento psiquiátrico, prejudica o tratamento por completo.
“São pacientes que ficam desestabilizados em caso de falta da medicação. Não é a mesma coisa que um paciente que está com dor, falta o remédio e dá para ir comprar. Lá é medicamento controlado, é diferente. Está um verdadeiro caos”, afirmou.
OUTRO LADO – A Folha entrou em contato com a Secretaria de Comunicação (Secom) do Governo do Estado, que informou, por meio de nota, que não houve desabastecimento dos materiais citados e sim “um contingenciamento de alguns itens para garantir o atendimento às unidades até que o estoque seja aumentado”. Segundo a Secom, o abastecimento será retomado às quantidades normais a partir desta semana.
Quanto à compra de materiais, a Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) esclareceu que nenhum funcionário está autorizado a solicitar dos pacientes ou acompanhantes a compra de quaisquer medicamentos ou materiais hospitalares. “Caso haja falta de itens de fornecimento hospitalar, a ausência deve ser comunicada às direções da unidade, que providenciam o abastecimento”, explicou.
Sobre a limpeza nos blocos do HGR, a Sesau informou que o serviço está sendo realizado normalmente, mas que será intensificada a fiscalização para evitar problemas com a higienização do local.
Já sobre a quantidade de profissionais no Hospital Geral, a Sesau reforçou que a unidade se trata do maior hospital do Estado, “com uma demanda que vem da zona urbana, rural, áreas indígenas, países vizinhos e outros estados brasileiros, e apesar de algumas limitações pontuais, nenhum paciente deixa de ser atendido na unidade por falta de profissionais” e que o concurso público realizado em 2013 foi prorrogado até agosto de 2017 e “novas convocações têm sido feitas constantemente, de acordo com a necessidade, dentro do limite financeiro orçamentário do Governo do Estado”.
Em caso de insatisfação, a Sesau também salientou que o cidadão pode registrar a reclamação ou sugestão por meio da Ouvidoria do Sistema Único de Saúde (SUS), que pode ser acessada por telefone (95-2121-0590 ou 136 – nacional), por e-mail (ouvidoriasus.rr@gmail.com) e ainda pessoalmente ou por carta endereçada à rua Madri, 180, no bairro Aeroporto. (P.C)
Por Folha Web
