Operação ocorre nesta quinta-feira (29) em três municípios de Roraima.
Em depoimento, um eleitor disse que ganhou R$ 150 para transferir título.
Em depoimento à Polícia Federal, na manhã desta quinta-feira (29), três eleitores conduzidos coercitivamente na operação ‘Falso Domicílio’ afirmaram que receberam dinheiro para realizar a transferência domicílio eleitoral de Boa Vista para Amajari e Pacaraima, ambos no Norte de Roraima, o que é considerado crime eleitoral.
Conforme o delegado da PF em Pacaraima, Diego França, um eleitor relatou no depoimento que recebeu R$ 150 para fazer a transferência fraudulenta.
Ao todo, 36 dos 41 mandados de condução coercitiva (quando a pessoa é levada a depor e depois liberada) foram cumpridos em Boa Vista, sendo dois em Pacaraima e três em Amajarí.
A PF informou que somente eleitores foram conduzidos à sede da PF, entretanto, nos depoimentos já existem indícios de envolvimento de candidatos. Após ouvidos, os eleitores serão liberados. Ninguém foi preso durante a ação.
“As investigações estão em andamentos. Já identificamos alguns candidatos e nomes, mas como a investigação é sigilosa não podemos informar. Os candidatos usaram desse artifício para obter mais votos”, disse o delegado informando que os identificados são candidatos a vereador.
Se condenados, os eleitores podem cumprir pena de até cinco anos. Os candidatos que forem identificados como beneficiários ou mandantes do esquema podem ser punidos por tentativa de corrupção eleitoral e cumprir pena de até 4 anos e ser alvo de uma ação no âmbito eleitoral por abuso do poder econômico. Se já exercer algum cargo eletivo, eles deverão responde por improbidade administrativa, segundo a PF.
Investigações
Segundo o promotor da Justiça Eleitoral de Pacaraima, Diego Oquendo, as investigações começaram quando os funcionários do cartório da 7º zona eleitoral, que engloba Pacaraima, Amajari e Uiramutã, começaram a notar um aumento fora do normal de pedidos de transferência para os municípios.
“Houve um fluxo muito intenso em determinados dias e esses eleitores levavam declarações de domicílios dadas pelas mesmas pessoas. Isso levantou uma suspeita e o procedimento foi encaminhado para o Ministério Público”, explicou Oquendo.
Segundo ele, em alguns casos, a declaração indicava que 10 pessoas moravam em uma mesma casa, mas em visitas no endereço realizadas pela Justiça Eleitoral, foi constatado que as pessoas não moravam no local e não eram conhecidas pelos vizinhos.
Diante da constatação, o caso foi encaminhado para a Polícia Federal, que verificou que as pessoas não possuíam domicílio físico nos municípios para onde pediam a transferêmcia.
Votos poderiam mudar resultado das eleições, diz promotor
Conforme o Tribunal Regional Eleitoral de Roraima (TRE-RR) existem em Pacaraima 8.624 eleitores e em Amajari 6.184. De acordo com o promotor, o número de eleitores que solicitaram a transferência foi tão grande que poderia alterar o resultado das eleições.
“Em um município onde 200 votos elegem um vereador, 30 votos fazem diferença no resultado final da eleição, frustrando a representativadade da população e o pleito eleitoral”, disse Oquendo.
As transferências solicitadas pelos eleitores foram indeferidas pelo juiz eleitoral e os suspeitos não serão impedidos de votar no domingo (2). “Eles irão votar em Boa Vista, no município de origem”, finalizou o promotor.
FONTE: G1
