O presidente russo procurou tranquilizar, esta segunda-feira, os participantes na 10.ª Conferência de Revisão do Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares, ao considerar que uma hipotética guerra nuclear não teria vencedores e ao afirmar que o mundo não deve nunca assistir a um conflito dessa natureza.
Numa carta citada pela agência Reuters, Vladimir Putin afirmou que o mundo deve unir-se pela “segurança igualitária e indivisível de todos os membros da comunidade internacional”.
“Sendo um estado do Tratado de Não-Proliferação e um dos seus signatários, a Rússia tem consistentemente cumprido com a carta e o espírito do tratado”, afirmou o presidente russo.
As palavras de Putin contrastam com as anteriores declarações do líder russo e do Kremlin que, devido ao avolumar das sanções económicas em torno da guerra com a Ucrânia, tem regularmente ameaçado os vizinhos com armas nucleares.
Em fevereiro, quando a guerra arrancava, Putin afirmou que qualquer interferência externa na guerra levaria a “tais consequências” que o mundo “nunca assistiu na sua história”. E dias depois, o Kremlin colocou em alerta máximo as suas forças nucleares.
No Báltico, devido às sanções ao enclave de Kaliningrado, a Lituânia tem denunciado ameaças por parte da Rússia com o seu arsenal nuclear e, mais a Norte, a Suécia chegou a intercetar aviões russos no seu espaço aéreo, detetando armas nucleares a bordo das aeronaves.
A Rússia é um dos maiores poderes nucleares do mundo, herdando esse legado da União Soviética e sendo um dos principais atores nesta matéria, a par de países como os Estados Unidos, o Reino Unido e a França.
Segundo a Reuters, o conflito na Ucrânia aumentou as tensões diplomáticas de tal forma que as possibilidades de uma guerra nuclear fizeram os diplomatas em Washington recear uma nova crise semelhante à crise dos mísseis de Cuba, em 1962.
Em abril, a Rússia testou um novo míssil intercontinental Sarmat, com capacidade para atacar com armas nucleares os territórios norte-americanos.
Tudo isto ocorre numa altura em que também na Coreia do Norte o regime de Kim Jong-un ameaça novos testes nucleares subterrâneos, perante a escalada de tensões com os vizinhos na Coreia do Sul.
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