MPF convocou junta médica para avaliar Campos, preso pela PF há 9 dias.
Advogados dizem que ex-governador tem câncer, depressão e hipertensão
A defesa do ex-governador de Roraima Neudo Campos (PP) divulgou nota nessa quarta-feira (1º) na qual afirma “repudiar” a afirmação do Ministério Público Federal em Roraima (MPF/RR) de que o progressista pode estar simulando o estado de saúde.
Campos, que é esposo da atual governadora do estado, Suely Campos (PP), está preso desde o dia 24 de maio por determinação da Justiça Federal. Ele é condenado em segunda instância por peculato.
Inicialmente, o ex-governador ficou detido na sede da Polícia Federal em Roraima. No entanto, passou mal ao saber que seria levado para cumprir pena em um presídio federal em Mato Grosso e foi levado no Hospital Geral de Roraima (HGR) na segunda (30), onde segue internado.

entregar no Comando de Policiamento da Capital
no dia 24 de maio (CPC) (Foto: Arquivo pessoal)
Nesta quinta (2), ele deixou a unidade em uma ambulância para fazer exames médicos em uma clínica no Centro de Boa Vista. Após os exames, ele retornou à Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) do HGR.
“A verdade é que o ex-governador é hipertenso, está em tratamento de depressão, câncer e se recuperando de uma cirurgia na coluna vertebral realizada recentemente no Hospital Sarah Kubitschek, em Brasília”, diz a nota assinada pelos advogados Marcelo Campos e Frederico Leite.
A nota diz também que o quadro de saúde de Campos se agravou ‘severamente’ quando ele soube que seria levado para um presídio de segurança máxima.
“Esse quadro de saúde foi severamente agravado na última segunda-feira [30] ao ser informado sobre a transferência para presídio de segurança máxima no Mato Grosso do Sul, o que obrigou a remoção imediata de Neudo Campos para atendimento médico especializado de urgência, com dor torácica com irradiação para o dorso e crise de ansiedade”, afirma a defesa.
A defesa diz ainda que Campos recebe tratamento com a hipótese de diagnóstico de isquemia miocárdica no HGR e que não tem previsão de alta médica. A nota também critica a transferência de Campos para fora do estado, onde ficará longe de “sua esposa, filhos e netos” e define o ex-governador como um “cidadão pacato de quase 70 anos”.
MPF suspeita de simulação de estado de saúde
Na quarta, o MPF informou a imprensa que, segundo apurações de policiais federais, o ex-governador pode estar simulando o estado de saúde para “adiar ou até mesmo frustrar a ordem de transferência para a Penitenciária Federal”.
“Segundo informações prestadas pela Polícia Federal, o paciente Neudo Campos, com o auxílio de profissionais do HGR, estaria simulando uma situação de grave debilidade física com o propósito de se esquivar da aplicação da lei penal”, cita o MPF.
Por conta da suspeita, o MPF solicitou que uma junta médica da instituição. A ideia é obter um parecer médico isento a respeito do estado de saúde do ex-governador. O pedido foi autorizado pela Justiça Federal de Roraima e aguarda a data da avaliação
Condenação
O ex-governador foi condenado a 10 anos e oito meses de prisão por envolvimento no esquema de desvio de verbas públicas conhecido como “escândalo dos gafanhotos”, que consistia no cadastramento de funcionários “fantasmas” na folha de pagamento do Estado e do Departamento de Estradas e Rodagem de Roraima (DER/RR), para distribuição dos salários a deputados estaduais e outras autoridades em troca de apoio político.
Em fevereiro deste ano, o Ministério Público Federal (MPF) pediu a prisão de Campos com base no novo entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a possibilidade de cumprimento da pena de prisão após decisão de segunda instância. Porém, ele conseguiu na justiça um habeas corpus que lhe assegurava a liberdade de locomoção.
Em abril, o MPF voltou a pedir a prisão dele por condenação em segunda instância em outro processo do “escândalo dos gafanhotos”. O mandado de prisão foi derrubado por outro habeas corpus expedido pelo TRF1.
No dia 20 de maio, outros cinco envolvidos no ‘escândalo dos gafanhotos’ durante operação Praga no Egito, deflagrada em 2003, foram presos.
Junto com eles, também foi expedido um mandado de prisão contra a mulher do senador Telmário Mota (PDT), a médica Suzete Oliveira, que se entregou à PF no dia 25, após cinco dias foragida. Ela conseguiu liberdade no mesmo dia.
FONTE : G1/GLOBO