Jalser Renier (SD) não foi ao pernoite no CPP pois teria ‘passado mal’.
Deputado tinha liminar que garantia sua permanência sob custódia da PM.
O presidente afastado da Assembleia Legislativa de Roraima, deputado Jalser Renier (SD), não compareceu ao pernoite no Centro de Progressão Penitenciário (CPP), para onde o juiz da Vara de Execução Penal o transferiu nesta quinta-feira (11).
Ele estava preso temporariamente no Comando de Policiamento da Capital – uma unidade da Polícia Militar- em regime semiaberto. Jalser é condenado a seis anos e oito meses de reclusão por envolvimento no caso conhecido como ‘Escândalo dos Gafanhotos’.
O parlamentar tinha uma liminar que garantia a permanência dele sob a custódia da PM no CPC. Entretanto, a decisão era válida por 15 dias e o prazo se encerrou nesta quinta.
À epoca que se entregou Jalser era presidente da Assembleia Legislativa de Roraima. Na terça (8) ele pediu afastamento do cargo para tratar de ‘assuntos pessoais’.

por peculato
(Foto: SupCom/ALE)
De acordo com um servidor do CPP, um coronel da Polícia Militar que trabalha para parlamentar preso e um advogado dele foram à unidade prisional ‘para conhecer a cela onde o deputado ficaria’.
“Não deixamos entrar. Queriam ‘dar carteirada’. Depois alegaram que ele [Jalser Renier] não vinha porque estava com pressão alta e recebia atendimento médico na casa onde mora. Estranho, no dia de ser transferido passa mal”, disse o servidor sob sigilo de identidade.
Ainda segundo o servidor, Jalser deve seguir no regime semiaberto, quando o preso sai de dia para trabalhar e volta à noite.
O servidor disse ainda que Jalser ficará, sem quaisquer regalia, em uma cela onde estão cerca de 15 a 20 presos.
“Vai cumprir pena como um preso comum. Ser revistado ao entrar, ter horário de entrada e saída, como prevê a lei”, pontua o servidor.
Questionado se a ausência de comparecimento no CPP não prejudicaria Renier, o servidor foi claro: “Ele tem até meia-noite para comparecer à unidade. Depois desse horário, é falta. E mais duas, ele regride de pena”, afirma.
O G1 tentou contato por telefone com Jalser Renier, mas as ligações não foram atendidas. O advogado e o militar que trabalham para o parlamentar preso e estiveram no CPP não falaram com a imprensa.
Gafanhotos
Jalser Renier foi condenado pelo TRF1 a seis anos e oito meses de reclusão e a 443 dias-multa pelo crime de peculato no escândalo conhecido como ‘Escândalo dos Gafanhotos’.
Na petição em que pediu a condenação do deputado, o MPF explica como funcionava o esquema: “O então governador Neudo Ribeiro Campos distribuía quotas dos recursos federais aos seus afilhados políticos, notadamente deputados estaduais e conselheiros do Tribunal de Contas do Estado, entre os quais se inclui o Deputado Estadual Jalser Renier Padilha”.
Ainda conforme o órgão, cada beneficado era chamado pelo governador para uma reunião reservada na qual era definida a quota que seria recebida.
“Assim, cada beneficiado não sabia dos demais, nem quanto cada um recebia, formando-se quadrilhas autônomas”, cita um trecho.
Jalser Renier recebia, segundo o MPF, tinha uma ‘cota’ de cargos no governo do estado em troca de apoio prestado ao ex-governador Neudo Campos (PP). Para receber o dinheiro, o deputado só precisava indicar os ‘gafanhotos’ que iriam integrar a folha de pagamento.
Outras prisões
Em maio deste ano, o ex-governador Neudo Campos se entregou na sede da Polícia Federal em Roraima após ficar cinco dias foragido. Ele foi apontado pelo MPF como mentor do esquema que ficou conhecido como ‘Praga do Egito’. Atualmente, Campos cumpre prisão domiciliar.
No mesmo mês, outras seis pessoas também foram presas pela Polícia Federal por envolvimento no escândalo, entre elas a médica Suzete Macedo de Oliveira, esposa do senador Telmário Mota (PTB). Após a prisão ela foi liberada pela Justiça.
FONTE: G1