Corpos foram liberados para sepultamento nesta terça-feira (18).
10 presos foram mortos em uma briga de facções da penitenciária.

O Instituto Médico Legal liberou na manhã desta terça-feira (18) seis corpos de presos mortos na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo no domingo (16) durante uma briga entre facções.
Segundo a diretora do instituto, Marcela Campelo, os corpos de Rhadryan Colares de Sousa Lima, Átila Santos Araújo, Waldiney de Alencar Sousa, Tarciso da Silva Queiroz, Lucas Silva Santos e Altair Sobral de Araújo foram entregues para familiares.
Ao todo, chegaram 10 corpos ao IML. Deles, três estavam ‘identificáveis’ e os outros sete carbonizados, segundo Marcela.

Campelo, três corpos e uma cabeça ainda
não foram identificados (Foto: Inaê Brandão/
G1 RR)
“Dos dez corpos trazidos para o instituto, quatro estavam decapitados. Desses, apenas um foi identificado pela papiloscopia [identificação através de impressões digitais], então ele foi liberado logo”, disse a diretora.
A identidade dos mortos foi obtida através de análise das impressões digitais, da arcada dentária, das feições e pelas tatuagens, nos casos em que existiam registros na polícia.
O IML ainda precisa identificar quatro corpos. Dentre eles, o do detento Leno Rocha Castro, apontado como vice-líder de uma organização criminosa. Ele foi decapitado durante o confronto entre os presos de duas facções rivais.
Conforme Marcela, os exames de DNA dos quatro corpos que ainda não foram identificados serão feitos fora do estado.
“[O material coletado] será enviado para o laboratório que o governo conseguir convênio o mais rápido possível”, disse a médica acrescentando que o exame deve ser realizado no Amazonas ou no Pará.
Além disso, o IML aguarda que as famílias de presos levem fotos com sorriso onde seja possível observar os ‘elementos dentários’ e registros de atendimentos odontológicos para auxiliar na identificação.
Por fim, a diretora afirmou que todos os corpos serão guardados nas geladeiras, gavetas e frigorífico do instituto até a identificação pelo DNA.
Famílias aguardam liberação de corpos
Durante esta manhã, vários familiares aguardavam no IML a liberação dos corpos. Uma mulher que preferiu não se identificar disse que o instituto confirmou a morte de seu filho, Átila Santos Araújo.

Já Wanderson Sobral, de 24 anos, afirmou que o tio, Altair Sobral de Araújo, morreu durante o conflito. Agora, ele que teme pela vida do pai, Altamir Sobral de Araújo, que também está preso na penitenciária.
“Estou com medo porque, como ele era irmão do meu tio, estão achando que ele também era da facção, mas ele não tem nada a a ver com isso. Meu tio já foi morto, não posso fazer nada, estamos agora preocupados com o meu pai”, disse o rapaz.
Confronto de facções em Roraima
A confusão entre os detentos na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo começou no domingo (16) por volta das 15h (17h de Brasília) quando homens da ala 13 quebraram os cadeados e invadiram a ala 12. A briga entre os presos ocorreu durante o horário de visitas.
Durante o conflito, o comandante da operação e membro do Batalhão de Operações Especiais (Bope), capitão Falkner, chegou a afirmar ainda no domingo que 25 presos tinham sido assassinados.
A Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejuc) corrigiu a informação na segunda (17) e disse que dez presos foram mortos e seis ficaram feridos no conflito entre as facções criminosas.
Cerca de 100 familiares de presos foram feitos reféns por cinco horas. Eles foram libertados às 20h por policiais do Bope.
Ainda na segunda, o secretário de Justiça Uziel Castro disse que as mortes na penitenciária foi uma ordem de uma facção criminosa de São Paulo, que está em guerra contra uma outra, do Rio de Janeiro. “Todo o sistema penitenciário do Brasil estava ciente que isso ia ocorrer”, declarou.
Penitenciária Agrícola
A Penitenciária Agrícola de Monte Cristo é a maior unidade prisional de Roraima e atualmente abriga mais de 1,4 mil presos. A capacidade da unidade é de 700 presos, segundo o secretário da Sejuc.
FONTE: G1