
O deputado Joaquim Ruiz (PTN) está se mobilizando junto aos parlamentares estaduais e federais de outros estados para regionalizar o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio). Ele justifica a necessidade de mudança ao afirmar que existe uma concorrência desleal entre os estudantes que moram nos estados que compõem a região amazônica e os que estudaram nos grandes centros brasileiros, em estabelecimentos de ensino da iniciativa privada e considerados de alto padrão intelectual.
“O Enem foi feito para beneficiar os filhos dos ricos, da elite brasileira. Das 250 escolas de segundo grau mais bem avaliadas pelo Ministério da Educação e Cultura em 2016, 230 são particulares e 20 são públicas. Das 20, quatro são estaduais, sendo que três estão em São Paulo e uma em Pernambuco. No Norte nada, no Nordeste apenas uma. Ou seja a elite brasileira se beneficia do Enem”, analisou, ao ressaltar que o Governo criou o Fies (Financiamento ao Ensino Superior) para que o filho do pobre pegue o financiamento e vá para uma faculdade particular.
A avaliação do deputado é feita com base nos expressivos números da concorrência do último Enem, quando no estado do Paraná se inscreveram 426 mil alunos e em Roraima 23 mil. “Como os melhores alunos nossos vão passar em cursos de Medicina, Engenheira Elétrica, Engenharia Mecânica, Engenharia de Petróleo? Como nossos estudantes vão terão oportunidade se a concorrência é desleal, pois só no Estado do Paraná se inscreveram 426 mil. Em são Paulo 1.000.050. Ou seja, se lá tem mil alunos top, aqui eu tenho 100, então a probabilidade dos nossos filhos passarem é nenhuma”, avaliou.
A regionalização, no entendimento dele, possibilitaria uma concorrência isonômica. “Se regionalizarmos o Enem, o meu filho e o seu vai concorrer com pessoas dos estado do Pará, Rondônia, Acre, Amapá, Amazonas. E aí sim, vamos competir por igual. Porque os níveis de nossas escolas, tanto públicas quanto privadas, são mais ou menos iguais. Agora não dá para competir com as escolas que existem nos grandes centros. Essa é a diferença da regionalização”, explicou.
A regionalização proposta pelo parlamentar está sendo bem vista pela comunidade escolar, que conhece bem as dificuldades enfrentadas durante uma prova do Enem. “Acredito que a regionalização é caminho porque quem faz o Enem nacional, tipo as questões de uma região, uma pessoa de uma região diferente pode não saber responder. Se fosse regionalizado iria eliminar a concorrência e competiria com o pessoal da minha região. Iria ser mais justo para gente”, disse o estudante Elan Martins.
O estudante Wilder Pereira disse não ter dúvida de que a mudança será benéfica para os estudantes do Norte. “Seria mais justo e geraria mais oportunidade para as pessoas da localidade. Hoje o que mais tem são pessoas que vêm de outros estados aproveitar as oportunidades nos estados que não são deles. Acho isso um pouco injusto. Se for regionalizado, será bem melhor”, afirmou.
Marilena Freitas
SupCom ALE-RR