Governo divulgou lista com nome de 12 presos, mas número estaria errado.
Desipe alegou que identidade de 25 presos seria de fugas passadas.

unidade prisonal do estado
(Foto: Jackson Félix/G1/Arquivo)
Um agente da Inteligência da Polícia Civil disse que a lista oficial do Governo com o número de foragidos do sistema prisional oculta a fuga de 25 detentos da Penitenciária Agrícola de Monte Cristo.
Na relação da Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejuc), enviada logo após a última fuga em massa, ocorrida no dia 10 de novembro, constam 12 foragidos que teriam escapado do maior presídio do estado “entre janeiro e novembro deste ano”.
De acordo com o agente, na fuga do dia 10, pularam o muro da unidade 37 detentos. “Foram 37 que fugiram. A contagem foi feita três vezes, sendo que na última, a chamada foi feita por nome e foto. A Sejuc optou por divulgar apenas 12, quais os critérios usados para escolher os nomes, eu não sei”, cita o servidor.
Por telefone, o diretor do Departamento de Sistema Penitenciário (Desipe), Alain Delon, informou nesta terça-feira (22) que os nomes, além dos 12 informados oficialmente, são de fugas anteriores à última em massa.
Na avaliação do agente da Civil, a quantidade real de fugitivos não foi divulgada pelo Governo para não expor a fragilidade do sistema prisional.
“A penitenciária se divide em dois espaços que compõem as alas dos presos do regime fechado e os do ‘cadeião’, onde ficam os presos preventivados. Quando ocorre uma fuga em massa, não há um controle eficiente. Mas, dessa vez, chegamos um número depois de fazer um ‘confronto’ com dados e fotos no sistema”, explica.
Ainda de acordo com o agente, a lista nova foi elaborada por servidores do presídio, que fizeram um levantamento com o apoio de policiais da unidade prisional. A relação teria sido repassada aos responsáveis pela administração do sistema prisional.
“O governo afirmando que foi apenas 12 presos dificulta o trabalho de todos que atuam na segurança pública. Se não há divulgação das fotos desses fugitivos, eles se sentem seguros para cometer crimes e saírem ilesos, pois sabem que não foram expostos oficialmente. A sociedade precisa saber quem são esses criminosos para denunciá-los”, sustenta.
Na lista repassada pelo agente, estão foragidos: Elinado Alves Fonseca, Emanoel da Silva Rocha e Elenilson Farias Araujo, acusados de homicídio; Ezequiel da Silva Rodrigues, Isbermon Lino Costa e Luiz Melo da Cruz, presos por roubo; Adalto de Oliveira Gomes, preso por receptação, Edileudo Alves Fonseca, acusado de tráfico e corrupção de menor, Elton Sacramento da Silva, que responde por furto, Maik Alexandre da Silva Dias, acusado de receptação e roubo, Mariano Sobreiro Silva Neto e Robson Soares Miranda, preso por tráfico.
Além disso, completam a lista Allyson da Silva e Silva, Clovis Simao de Souza, Fabricio Malheiro da Silva, Genildo Henrique do Nascimento, Hemerson da Silva dos Santos, Janio Silva Freitas, Jhonder Wendel Sabino Arnal, Leandro dos Santos Carvalho, Lenilton Gonçalves Gomes, Mario Gledson Abreu Lima, Max Passos Campos, Ricardo Ferreira Silva Sousa e Thiago Level Amorim.
Para um agente penitenciário que atua na Penitenciária Agrícola, ocultar os nomes de 25 foragidos de uma lista que deveria ser 37 ‘não é uma novidade’.
“O estado não tem controle como deveria nessa penitenciária. Se perguntarem quantos foragidos há, a direção do presídio não saberá informar. Tudo é ‘embromação’. Vão levando na barriga. Eles [governo] preferem divulgar um dado irreal a que admitir as falhas. Aí é no ‘chute’ mesmo, divulgam o que é bom pra imagem”, avalia o agente penitenciário.
‘Nomes são de fugas anteriores’, diz Desipe
De acordo com o diretor do Departamento de Sistema Penitenciário (Desipe), Alain Delon, ‘o sistema antigo da penitenciária era deficitário e a atual gestão tem trabalhado para melhorar’.
“As últimas fugas mencionadas no sistema prisional foram aquelas informadas. Não houve ocultação de fuga. O que foi agregado, posteriormente, sobre essa informação de outros nomes, são de pessoas de fugas anteriores. Pessoas que estão no sistema [de foragidos], mas de fugas anteriores. Não são da última fuga [10 de novembro]”, justifica Delon.
Segundo o diretor, a Sejuc está tomando medidas para fazer uma contagem rigorosa de presos, combater ilícitos, dividir o crime organizado e evitar mortes dentro da Penitenciária Agrícola.
“Nesse momento, que em tese, tivemos um controle sobre as facções criminosas, que foram separadas, vamos fazer um ‘pente fino’ na contagem de identificação de todos os presos da unidade prisional e, posteriormente, divulgar uma relação geral daqueles que deveriam estar cumprindo pena, mas estão ausentes do sistema prisional”, conclui.
FONTE: G1