Até julho foram atendidos 3.200 venezuelanos no Hospital Délio de Oliveira Tupinambá, em Pacaraima
Em virtude do aumento expressivo na quantidade de estrangeiros que recebem atendimento nos hospitais em Roraima, o Governo Federal anunciou o envio de medicamentos, materiais e insumos para atender às necessidades mais urgentes de saúde, após solicitação do Governo de Roraima e intermediação da Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa, do Ministério da Saúde.
Segundo o Ministério, está prevista ainda a doação de uma ambulância totalmente equipada para município de Pacaraima. Serão encaminhados ao Governo do Estado e ao Município de Pacaraima dois kits para atender às necessidades mais urgente de saúde. Cada conjunto é composto por 48 itens, o equivalente a meia tonelada de medicamentos, materiais e insumos suficientes para atender até 1.500 pacientes por até 30 dias. O foco principal são os casos de Atenção Básica.
O Ministério informou ainda que, em parceria com a Sesau (Secretaria Estadual de Saúde) e Secretaria Municipal de Saúde de Pacaraima, está monitorando a situação no Estado e no município fronteiriço e, se for necessário, enviará nova ajuda à região.
Depois do pedido da Sesau, foi enviada uma equipe da Força Nacional da Saúde para o estado de Roraima no mês passado, para verificar a situação de urgência de saúde no município de Pacaraima.
A missão veio analisar a situação e estudar medidas para amenizar os problemas naquele município. Após dados preliminares da situação, ficou acordado o envio da ajuda, o que deve ocorrer nos próximos dias.
A crise na Venezuela fez de Roraima um dos principais destinos da população daquele País. Esta imigração fez crescer significativamente o número de atendimentos aos venezuelanos nas unidades de saúde roraimenses, sem que o Estado receba nenhum recurso financeiro em contrapartida.
Para se ter ideia, os acolhimentos realizados no primeiro semestre deste ano superaram a quantidade de atendimentos de todo o ano de 2015. Diante deste quadro, que tem interferido diretamente na qualidade da assistência em saúde prestada à população como um todo, a Sesau solicitou reuniões com o Ministério da Saúde, para que o Governo Federal ajudasse o Estado.
O secretário estadual de Saúde, César Penna, explicou que a superlotação nas unidades de saúde, agravada pelo atendimento a estrangeiros, tem causado uma insuficiência financeira no Estado para a cobertura total dos atendimentos da população como um todo. “Além da falta de financiamento para cobertura dos atendimentos, esbarramos em questões como o ‘abandono’ de pacientes nos hospitais, dificuldades como a falta de documentação ou identificação inexistente, dificuldade de articulação com o Consulado Venezuelano no translado de corpos, risco de transmissão de doenças já erradicadas, além da ocupação de leitos por tempo prolongado, o que acaba refletindo no atendimento prestado à população como um todo”, enumerou.
ATENDIMENTOS – No município de Pacaraima, fronteira com a Venezuela, nos sete primeiros meses do ano foram atendidos 3.200 venezuelanos no Hospital Délio de Oliveira Tupinambá, o que corresponde a 27% da população do município. A série história mostra que esta quantidade variava de 40 a 60 atendimentos nos últimos três anos, de acordo com informações do CNES (Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde). Mais de 90% das unidades de saúde do município estão localizadas dentro de áreas indígenas, o que direciona a demanda de estrangeiros para a sede.
Referência em atendimentos de média e alta complexidades, o HGR (Hospital Geral de Roraima) concentra o maior número de atendimentos. Nesta unidade, comparando-se todo o ano de 2015 ao primeiro semestre de 2016, houve um aumento de 102% no atendimento a esta população. Foram 544 venezuelanos atendidos no Pronto Atendimento Airton Rocha até junho deste ano, contra 531 acolhimentos em todo o ano passado. No total, houve 129.972 e 75.864 atendimentos, respectivamente, de pacientes de todo o Estado, países e Estados vizinhos.
No Hospital Materno Infantil, em agosto, o número de atendimentos de emergência já superavam os números do ano passado: foram 453 venezuelanas atendidas em 2015, com 308 internações; contra 478 atendimentos em 2016, com 275 internações.
FONTE: GOVERNO DO ESTADO DE RORAIMA