Temendo pela segurança de seus filhos, pais não deixaram mais seus filhos estudarem no prédio da UERR de Caracaraí

Os alunos da Escola Estadual Presidente Castelo Branco, no Município de Caracaraí, Centro Sul do Estado, estão com as aulas interrompidas há oito dias. A suspensão das atividades escolares foi decidida pelos pais para garantir a integridade física dos estudantes diante dos problemas estruturais em umas das unidades do Campus da Universidade Estadual de Roraima (UERR), para onde eles foram transferidos depois que o prédio da escola foi fechado para reforma.
De acordo com as denúncias, o prédio apresenta diversos defeitos na estrutura e ameaça desabar, pondo em risco a vida de estudantes e professores. Antes das aulas serem paralisadas, cerca de 572 alunos dos ensinos Fundamental e Médio assistiam às aulas nas dependências da UERR há aproximadamente cinco anos, quando houve início da reforma do prédio da escola, ainda na gestão do então governador Anchieta Júnior (PSDB). Segundo Patrícia Ventura Marcelino, membro da Comissão Especial de Pais e Responsáveis da escola, os problemas na estrutura física incluem goteiras, infiltrações, problemas elétricos, rachaduras nas paredes, entre outros.
Ela disse que a Comissão de Pais foi criada no dia 1º deste mês, quando foi decidido pela paralisação das aulas mediante discussões sobre as condições do prédio da UERR. No dia 04, os pais, estudantes e alguns professores realizaram uma manifestação com caminhada da unidade da UERR até o prédio da escola que foi fechado para reforma, onde fizeram reivindicações de melhorias e soluções. Na ocasião, além de cobrarem melhorias, chamaram a atenção dos políticos quanto à situação dos estudantes, que não possuem local adequado para estudar.
Patrícia informou que a Comissão Especial de Pais se reuniu ontem para elaborar um ofício que será encaminhado à Defesa Civil em Boa Vista solicitando uma inspeção rigorosa por profissionais na estrutura física da unidade onde os alunos estavam assistindo aulas. Com base no laudo, ela disse que será formalizada denúncia junto ao Ministério Público. “O risco à integridade física dos alunos é visível. Quando chove, as dependências da instituição ficam alagadas, escorre água pelas paredes, que soltam areia devido a uma construção mal feita. Existe risco real de desabamento”, denunciou.
Outros problemas relatados por ela se referem à instalação elétrica e rachaduras, com riscos de curtos-circuitos. “Não estamos preocupados apenas com o semestre e o ano letivo. Pensamos primeiramente na segurança de nossos filhos. No salão principal do prédio, há uma enorme rachadura. As lâmpadas estouram, há curto-circuito e a situação fica insustentável, principalmente quando chove”, afirmou Patrícia ao acrescentar que fotos da estrutura foram feitas por funcionários da escola e apresentadas a um engenheiro civil, que atestou a precariedade, o risco de desabamento e a necessidade de interdição.
Patrícia informou que a comissão decidiu que as crianças e adolescentes não retornarão às aulas enquanto não houver um local seguro onde elas possam estudar. Quanto à reforma do verdadeiro prédio da escola, ela disse que as obras estão paralisadas, num terreno tomado pelo mato, onde existem apenas estruturas deterioradas e uma quadra de esportes para eventos esporádicos. “As verbas para a reforma da escola foram liberadas há cinco anos e até hoje a obra não foi concluída. Precisamos de mais seriedade por parte dos políticos”, frisou.
UERR – Por meio de nota, a Assessoria de Comunicação da Universidade Estadual informou que as aulas dos acadêmicos estão acontecendo normalmente e que nunca foram interrompidas. “O prédio não corre risco de desabamento, como garantiram os engenheiros que visitaram o local. Está em fase final o processo que irá reformar os seis campi da UERR. Quanto à manifestação dos pais, a UERR entende que é um direito garantido na Constituição”, diz a nota.
SEED – A Secretaria Estadual de Educação e Desporto (Seed) informou, por meio de nota, que a obra da reforma na Escola Estadual Presidente Castelo Branco, em Caracaraí, teve início na gestão passada e a empresa que estava executando o serviço abandonou o trabalho.
“Para a retomada da obra é preciso fazer a extinção do processo de licitação que foi ganho por essa empresa para que seja realizado um novo projeto de reforma e, em seguida, uma nova licitação. A equipe de engenharia da Seed já fez o levantamento das necessidades e agora está elaborando o projeto para licitar e contratar nova empresa para execução da obra de reforma na unidade de ensino”, informa a nota sem prevê prazo para que a reforma seja concluída.
“A escola está funcionando em uma unidade da UERR e atende a 572 alunos dos Ensinos Fundamental e Médio nos turnos da manhã e tarde”, complementa a nota sem informar como será solucionada a situação atual dos estudantes, se serão alocados em outra estrutura física para que possam prosseguir com as aulas.(A.D)
FONTE: FOLHA WEB