A Polícia Federal apreendeu carros de luxo, jóias e dinheiro nas casas da prefeita do Cantá, em Roraima, Roseny Cruz (DEM), e de secretários durante a operação Libertatem II, que investiga o desvio de R$ 20 milhões dos cofres do município. A operação se inicou nesta quinta-feira (15).
Conforme o delegado da Polícia Federal, Alan Robson, foram apreendidos 17 carros, jóias e dinheiro. Os bens de luxo estavam nas casas dos 50 envolvidos no esquema.
O delegado disse que as apreensões de bens que valessem mais de R$ 10 mil foram determinadas pela Justiça.
“O patrimônio dessas pessoas é totalmente incompatível com a renda que eles recebem licitamente. Foram 17 veículos apreendidos e três motos. Há veículos em nome desses servidores que custam R$ 100 mil. Existem também alguns em nome de laranjas”, explicou Robson.

O esquema que resultou no desvio de R$ 20 milhões era, segundo a PF, liderado pela prefeita Roseny. Ela foi afastada do cargo e conduzida para depor na sede da Polícia Federal em Boa Vista.
A PF informou que todos os recursos desviados eram provenientes de recursos federais, principalmente da Saúde e Educação. Segundo a polícia, os R$ 20 milhões foram desviados em um ano.

“Eles se exibiam com esses carros e mostravam dinheiro nas redes sociais, como foi apurado pelos policiais. Enquanto isso a população do município sofria com falta de educação, salários atrasados por muitos anos”, disse o delegado.
Foram afastados a prefeita, o secretário de educação, da saúde, de finanças e outros quatro servidores do alto escalão.
Todos os mandados foram emitidos pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região. Ao todo, 50 envolvidos foram investigados.
A prefeita e secretários podem ser condenados a até 40 anos de prisão. Eles foram indiciados por crimes de corrupção ativa e passiva.
Além dos bens, segundo Alan Robson, outros documentos foram apreendidos e a analise deles pode levar a descoberta de outros desvios em municípios de Roraima.
PF investiga morte de ex-secretária
A ex-secretária de saúde do município, Hadácia Alves, foi encontrada morta em abril deste ano. Na época, a Polícia Civil afirmou que o caso poderia ser uma ‘queima de artigo’ já que ela era investigada pela operação Libertatem.
Conforme o delegado Alan Robson, todos os interrogados estão sendo questionados sobre a morte de Hadácia Alves.
“Todos os conduzidos hoje estão sendo questionados sobre o que sabem desta morte e sobre o que os documentos já apreendidos apontam sobre esta morte. É possível que novos dados sejam trazidos para elucidar o crime”
Hadácia Alves, de 29 anos, desapareceu em fevereiro de 2016, após deixar uma amiga em casa, na zona Oeste de Boa Vista. A ossada da ex-secretária foi encontrada em um matagal no bairro Santa Cecília, também no Cantá.
Libertatem II
Foram cumpridos na manhã nesta quinta-feira 51 mandados de busca e apreensão, 50 mandados de condução coercitiva e nove de afastamento de servidores públicos são cumpridos na ação. Os mandados foram executados no Cantá e em Boa Vista.
A segunda fase da operação é resultado da análise de documentos apreendidos em 2015.
O esquema fraudulento, segundo a PF, era chefiado pela prefeita e executado por secretários de Finanças, Saúde, Educação e chefe da CPL.
“A investigação concluiu ainda que, no caso de empresas de fachada, a prefeita ficava com 90% do valor desviado, ficando o restante distribuído entre demais servidores, os empresários e os ‘donos’ das empresas de fachada”.
De acordo com a PF, as secretarias simulavam a aquisição de bens e o dinheiro ficava para os envolvidos no esquema.
De acordo com Robson, existia um ‘escritório do crime’ onde eram montados os processos de licitação fraudulentos. Os processos também eram forjados dentro da própria CPL.
Uma imagem divulgada pela PF mostra que as empresas ficíticas simulavam as licitações fraudulentas. Os produtos ofertados tinham variação de R$ 1 no preço.
