Manuel Valls também afirmou que cogita banir o financiamento internacional para construção de mesquitas na França
O primeiro-ministro francês, Manuel Valls, discursa no pátio do Palácio Elysee, em Paris – 15/07/2016 (Philippe Wojazer/Reuters)
O primeiro-ministro da França reconheceu nesta sexta-feira o fracasso do sistema judicial em prevenir o terrorismo, após o assassinato de um padre por dois seguidores do Estado Islâmico (EI) fichados pela polícia. Manuel Valls também comentou que cogita proibir temporariamente o financiamento estrangeiro de mesquitas, depois dos últimos atentados no país.
Embora a crítica de Valls não tenha sido dirigida diretamente ao governo, sua declaração contrasta com a reação que o gabinete teve após o massacre em Nice, em 14 de julho, que deixou 84 mortos. Naquele momento, o governo francês se negou a reconhecer a menor falha que fosse nas medidas de segurança, apesar das críticas.
Ambos os jovens terroristas que participaram do atentado na igreja Saint-Étienne du Rouvray, na terça-feira, eram conhecidos da polícia e foram fichados por terem tentado ir à Síria. Adel Kermiche repetiu a tentativa duas vezes, mas foi liberado pela Justiça, apenas com a obrigação de usar uma tornozeleira eletrônica e com permissão para deixar sua casa pela manhã.
Em entrevista ao jornal francês Le Monde, o primeiro-ministro comentou que a decisão da Justiça de libertar Kermiche foi um fracasso. “É preciso reconhecer isso”, disse. “Isso deve levar os juízes a ter um enfoque diferente, caso a caso, levando em conta as práticas de dissimulação dos terroristas”, ressaltou.
Depois da série de ataques na França em 2015 e 2016, o premiê afirmou que cogita proibir o financiamento estrangeiro de mesquitas e que deseja “inventar uma nova relação” com o islã no país. Além disso, comentou que os imãs, pregadores da religião, devem ser formados na França “e não em outro lugar”. Com o objetivo de deter a propagação de ideias extremistas, as autoridades francesas fecharam nos últimos meses várias mesquitas consideradas salafitas, movimento ultraconservador do islamismo.
(Com AFP)
FONTE: VEJA