Ordem para liberar presos das celas partiu da direção do presídio, conforme apurou o Ministério Público do Estado

O promotor de justiça do Ministério Público do Estado de Roraima (MPRR), Carlos Paixão, informou que a ordem para retirar os presos das celas para que ficassem soltos nos corredores das alas partiu da direção da Penitenciária Agrícola de Monte Cristo (Pamc). Após visita ao presídio, na manhã de ontem, 07, o promotor disse que a medida foi tomada pela coordenação para facilitar o manuseio e a movimentação dos presos que cumprem trabalho interno.
Durante a visita, o próprio diretor da entidade disse ao promotor que deixou as celas abertas com a ala fechada durante o dia para melhorar o fluxo dos presos durante as horas de trabalho. Conforme relato do promotor, por ter sido dia de visita não foi possível realizar uma avaliação no local, mas que a medida facilita as fugas, uma vez que só há um cadeado para ser aberto por pessoas que estão fora das alas.
“Quando as celas ficam abertas, os presos ficam vulneráveis porque tem preso que fica fora das alas. Se um desses detentos arrebenta um desses cadeados, todo mundo fica solto e eles saem, o que é chamado de ‘correria’ lá dentro”, relatou.
De acordo com Paixão, o trabalho realizado pela Polícia Militar junto ao Batalhão de Operações Especiais (Bope) vem dado certo para conter fugas, ainda que a situação do prédio continue em déficit. Na madrugada de quarta-feira, 06, dois detentos chegaram a escapar do presídio por um buraco na ala conhecida como favela, mas foram detidos pelo Bope no lado exterior do prédio. Os presos não fazem parte dos que estão liberados das celas.
A “favela”, como é conhecida no presídio, fica localizada onde funcionava a ala de detenção de ex-policiais. Os presos ameaçados de morte nas celas são autorizados a permanecer nessa área. Atualmente, há cerca de 300 detentos em dezenas de barracos ao ar livre. Segundo o promotor, se antes só havia detentos ameaçados, hoje a “favela” também abriga presos de alta periculosidade, como estupradores e assassinos, que fingem brigas para saírem das celas.
Segundo o promotor, o mesmo irá conversar com o secretário da Secretaria de Estado da Justiça e da Cidadania (Sejuc) para tomar as providências necessárias de imediato, mantendo os presos nas celas, uma vez que o histórico mostra que, ficando fora das celas e dentro das alas, a fuga é facilitada.
“Se estava dando para manter os presos nas celas, deve continuar. Todo preso tem direito a banho de sol, como está previsto em lei, mas devem ficar mantidos dentro das celas, trancados. Se é mais seguro, porém mais trabalhoso, abrir e fechar cela, isso deve ser feito, não interessa”, frisou o promotor Carlos Paixão. (A.G.M)
FONTE: FOLHA WEB